quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
PRISCILA !!!
sábado, 18 de setembro de 2010
GIOVANNI E GIOVANNA
e acho que entramos no terceiro tempo.
sábado, 11 de setembro de 2010
CHOCOLATE LITERÁRIO
No dia 9 de setembro de 2010, os escritores Alexandre Lobão, Clara Rosa e Eduardo Loureiro Jr. participaram, como homenageados, do V CHOCOLATE LITERÁRIO, evento promovido anualmente pela Escola Classe 02, de Ceilândia.
Somos gratos à Fátima, à Maristela, aos professores e funcionários da escola, bem como a todas as crianças, pela receptividade e pelo belo espetáculo que nos ofereceram.
Vida longa ao Chocolate Literário!
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
CONCORDAR OU DISCORDAR !!!!
.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
ANGELA E ANGELO
sábado, 26 de junho de 2010
O MUNDO SITIADO DE ROCHA
Rubens Shirassu Jr.
Desnudamento de um mundo descaracterizado e amorfo
É preciso ler muito devagar os contos de Pupilas Ovais, de Rosângela Vieira Rocha, para entrar nesse plano estilístico singular e envolvente. Uma vez nele, cremos que o leitor sentirá o mesmo encanto sombrio que sentimos. Romancista e contista, situa-se tanto entre os escritores metafísicos como entre os pesquisadores formais, como uma obra que lhe assegura um lugar de vanguarda na literatura brasileira contemporânea.
São histórias cinzentas, de casinhos miúdos, como miúda e cinzenta era a vida brasileira na época. Os contos desta fase de Vieira não arrastam seus leitores por aventuras emocionantes, não bisbilhotam a vida de pessoas ilustres, nem dão maior realce à vida sentimental dos personagens. Nada disso. A autora continua a discorrer sobre os costumes, manias, coisas aparentemente desimportantes, vividos por pessoas comuns. Mas algo de diferente há...
Essas pessoas comuns encontramos nos primeiros parágrafos dos contos de Rosângela, tornam-se absolutamente extraordinárias quando acabamos a leitura e fechamos o livro. O que as torna especiais e extraordinárias? A forma pela qual Rocha as constrói: devargazinho, na frente de nossos olhos, frisando um gesto, um jeito especial de falar, uma ação esboçada, mas não concluída. Ao fim da leitura, vemo-nos no personagem e sentimos nele também o homem brasileiro do século 20 e 21. O personagem da contista de Brasília é o Homem de sempre.
Criando seus personagens, Rosângela nada lhes perdoa: as mesquinharias pequenas e grandes, as indecisões, o oportunismo disfarçado, a falsa devoção e a moral de fachada. Rosângela é implacável e irônica, não ocultando o seu desencanto e, talvez, desencantando o leitor. Não com o livro, mas com a vida. Rocha desnuda as falsas virtudes, os interesses escusos, a caridade ostensiva, tudo, enfim, que constitui o avesso de uma vida socialmente digna e respeitável.
Como um contador de casos que sabe tomar distância do que conta, e que sabe, também, manter o leitor à distância. Afinal, é necessário um certo afastamento do objeto para que se possa ter um ângulo de visão mais abrangente. Nada de envolvimentos, nada de parcialismos.
A brasilidade de Rosângela consiste na fidelidade com que traz para seus contos todo o ambiente da sociedade urbana do interior brasileiro, miniaturizada nos diálogos, nas descrições sem tempo e espaço. Rocha recria, em seus contos, o mundo mineiro (e brasileiro) de uma sociedade arcaica, cujos hábitos antigos e cerimoniosos e cujas atitudes convencionais dissimulavam, na boa educação e nos modos polidos, toda a violência de uma sociedade com devidos créditos à escravidão, onde o apadrinhamento e o "jeitinho" solucionavam, sempre que necessário, as situações geradas por uma estrutura social assentada nos privilégios e numa visão desigual dos bens.
A contista, em seus melhores momentos, reflete esta sociedade dura e desapiedada, preconceituosa quanto à cor e à posição social. Aos olhos do leitor houve apenas uma simples mudança de fachada, pois os alicerces do tempo do Império continuam os mesmos.
A obra de Rosângela cria uma dimensão do real no qual o lugar-comum e a impotência do indivíduo (que vive destes mesmos lugares-comuns) acabam por criar uma imagem de um universo atípico, carente de heróis e de qualquer solução que salve o homem do marasmo do cotidiano. Mergulhados nos meandros do labirinto vivencial, os seres anulam-se, deparando-se com um grande vazio, geralmente representado pelo sonho destruído, que seria a resposta as suas inquietações. Em síntese, Rocha aborda uma sociedade que exige do indivíduo o cumprimento de uma série de normas em nome do bem-comum, para que ele faça jus a seu status de cidadão. Contudo, como verificaremos mais tarde, quer haja ou não esse cumprimento, o destino de todos os personagens é a solidão e a perda da identidade.
De tudo o que se analisou, fica evidente que a grande contribuição de Rosângela Vieira Rocha, para a literatura brasileira, reside no desnudamento de um mundo descaracterizado e amorfo, cujos seres se alienam, conduzidos por clichês que lhe são impostos por toda uma estrutura, voltada apenas para o consumismo e para o imediatismo existencial, embora lhes acene exatamente com o contrário: o amor idealizado, a felicidade conjugal, etc. Acresce que Rocha não se compraz com a linguagem enganadora de uma certa literatura, que faz do sentimental o instrumento que aliena o leitor, sob o pretexto de defender justas causas sociais. Nela, tudo é contundente: as meias-tintas são abolidas, a piedade é sempre filtrada pela sua veia jornalística, descritiva, cerebral e a concisão estrangula a grandiloquência.
Neste sentido, nada mais faz do que continuar uma tradição, cujas fontes, centradas no fluxo de consciência, remontam a autores de épocas diversas da literatura inglesa e brasileira: Katherine Mansfield, Jane Austen, Virgínia Woolf, Clarice Lispector, Lúcio Cardoso e Ana Cristina César. Tais figuras produziram suas obras procurando afastar-se dos mitos literários e clássicos a nós impingidos.
( Texto publicado no blog www.BocaLivre.myblog.com.br no portal www.click21.com.br )
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Vaqueiro Voador entre os 50 Brasília escritos sobre Brasília, do Correio Braziliense
O Correio Braziliense publicou, em 2 de maio de 2010, uma matéria intitulada Brasília em 50 escritos, assinada por Marina Severino.
Um dos 50 escritos é o Romance do Vaqueiro Voador. Abaixo, transcrevo a introdução da matéria e a parte que fala do meu livro.
A literatura sobre Brasília registra momentos anteriores à concepção. Desde o século 19, os ideais de interiorização da capital brasileira ecoavam em estudos, debates políticos e sonhos — o de Dom Bosco, mesmo que nublado, aqueceu os idealistas, enquanto Olavo Bilac, de forma incisiva, incentivava em 1905 a exploração de riquezas no interior do país.
Dos anseios modernistas e críticas à saga de Kubitschek no Planalto Central, Brasília surge em ensaios, poemas, romances e discursos como símbolo do futuro nacional. Depois de inaugurada, é descrita por visitantes como capital da solidão, marcada pelo contraste do concreto com a terra vermelha. Entre os ilustres, Clarice Lispector, Iuri Gagarin, Nelson Rodrigues e Simone de Beauvoir expressaram o choque causado pela magnitude da construção à primeira vista.
De dentro para fora, pioneiros exibiram, a partir de 1960, o lado cotidiano da construção, a movimentação na Cidade Livre e na Vila Planalto e o ritmo ainda calmo das asas Sul e Norte, seguidos de denúncias sobre a falta de segurança e abismo social que surgiu da explosiva lotação das cidades satélites.
Plural e poética, a literatura sobre Brasília serve ainda a novos visitantes, uma geração que a enxerga urbana, com o ritmo apressado das grandes cidades e o diferencial de representar, em um mesmo espaço, as mais variadas nuances da identidade nacional.
(...)
Romance do Vaqueiro Voador, de João Bosco Bezerra Bonfim
Em formato de literatura de cordel, a narrativa apresenta um retirante que trabalhou na obra das torres do Congresso Nacional. Durante um dia de trabalho, o "vaqueiro endiabrado/ Vaquejando no cimento" cai do alto da construção, de onde até hoje se pode ouvir seu lamento sofrido.
A matéria completa pode ser vista em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/02/diversaoearte,i=190052/BRASILIA+EM+50+ESCRITOS.shtml
--
J3
--
J3
quarta-feira, 28 de abril de 2010
mini-cursos sobre literatura digital, poesia, prosa e crítica literária, como parte do programa Rumos Literatura 2010-2011
O programa Rumos Literatura 2010-2011 - que está com inscrições abertas até o dia 31 de julho de 2010 para projetos na área de ensaios em produção ou crítica literária - é uma iniciativa do Instituto Itaú Cultural, entidade voltada para o incentivo e a difusão de manifestações artístico-intelectuais. Saiba tudo sobre o edital por meio do site ou do blog.
Confira abaixo a programação dos mini-cursos:
Dia 29/04/2010 - 5ª feira
Tema: Crítica de poesia: tiques, toques e truques
Palestrante: Wilberth Salgueiro*
*Mestre e doutor em Letras, pela UFRJ. Atualmente é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras na UFES e pesquisador-bolsista do CNPq. Autor de, entre outros, Lira à brasileira: erótica, poética, política; Forças & formas: aspectos da poesia brasileira contemporânea (dos anos 70 aos 90) e Personecontos.
Objetivo: O curso se propõe a apresentar um instrumental crítico e teórico para que o leitor de poesia possa firmar critérios e valores próprios e, daí, apreciar a força e a forma de uma obra poética. A exposição do instrumental se dará em paralelo a análises de poemas brasileiros contemporâneos, sobretudo a partir da década de 1980.
Horário: 15h à 19h30
Local: Auditório da BNB (2º andar)
Dia 30/04/2010 - 6ª feira
Tema: Crítica & ficção no Brasil: uma leitura do presente
Palestrante: Flávio Carneiro*
*Escritor, roteirista, crítico literário, professor de literatura da UERJ e autor de doze livros, entre contos, romances, crônicas, ensaios e novelas para crianças e jovens. Escreveu também dois roteiros para cinema. Seus livros mais recentes são o romance A Confissão e o livro de crônicas Passe de Letra: futebol & literatura, ambos publicados pela Editora Rocco.
Objetivo: Discutir algumas questões sobre o exercício de uma crítica literária que se arrisca a falar não apenas de obras e autores canônicos mas do que está sendo produzido hoje no Brasil na área de ficção. Os princípios norteadores dessa crítica, seus critérios, seus recortes são alguns dos pontos tratados, juntamente com a apresentação de um mapeamento da ficção brasileira atual.
Horário: 15h à 19h30
Local: Auditório da BNB (2º andar)
MINI-CURSOS SOBRE LITERATURA - Dias 29 e 30 de abril de 2010, de 15h à 19h30, no auditório da BNB (2º andar). Inscrições gratuitas somente por e-mail ( rumosliteratura@itaucultural.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ). Mencionar no e-mail: nome completo, telefone, email, o dia da atividade de interesse. É permitida a inscrição nos 2 mini-cursos. Certificados fornecidos para quem cumprir ao menos 75% da carga horária. Vagas limitadas. Mais informações: Luiz Pedreira Jr itaucultural@comunicacaodirigida.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. | tel 11 3881-1710
--
J3
terça-feira, 27 de abril de 2010
BOLSAFUNARTEDECIRCULAÇÃO LITERÁRIA
1 edital
BOLSAFUNARTEDECIRCULAÇÃO LITERÁRIAPublicado no
Diário Oficial da União em 12 de abril de 2010EDITAL
Bolsa Funarte de Circulação Literária
O Presidente da Fundação Nacional de Artes – Funarte, no uso das atribuições que lhe confere o inciso V do artigo 14 do Estatuto aprovado pelo Decreto nº. 5.037 de 7/4/2004, publicado no DOU de 8/4/2004, torna público o presente
Edital Bolsa Funarte de Circulação Literária.1. DO OBJETO
1.1. Constitui objeto deste edital fomentar a promoção e difusão da literatura no âmbito nacional, exclusivamente nos Territórios da Cidadania, a partir da concessão de
bolsas a projetos que ofereçam, uma ou mais atividades, a saber: oficinas, cursos, contação de histórias e/ou palestras.1.2. Os projetos concorrentes não sofrerão quaisquer restrições quanto à temática abordada.
1.3. O Programa Territórios da Cidadania tem por objetivo promover e acelerar a superação da pobreza e das desigualdades sociais no meio rural, inclusive as de gênero, raça e etnia, por meio de estratégia de desenvolvimento territorial sustentável que contempla: integração de políticas públicas com base no planejamento territorial; ampliação dos mecanismos de participação social na gestão das políticas públicas de interesse do desenvolvimento dos territórios; ampliação da oferta dos programas básicos de cidadania; inclusão e integração produtiva das populações pobres e dos segmentos sociais mais vulneráveis, tais como trabalhadoras rurais, quilombolas, indígenas e populações tradicionais; valorização da diversidade social, cultural, econômica, política, institucional e ambiental das regiões e das populações.
1.4 Os projetos serão executados , imediatamente após o pagamento da bolsa, durante 6 meses.
2 –
DAS CONDIÇÕES2.1. Poderão concorrer à bolsa pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes no país há mais de 3 (três) anos.
2.2. Os proponentes só poderão inscrever 1 (um) projeto.
3. DOS IMPEDIMENTOS
3.1. O proponente contemplado com a Bolsa Funarte de Circulação Literária não poderá acumular nenhum outro prêmio ou bolsa da Funarte no exercício de 2010.
3.2. É vedada a inscrição neste Edital de membros da Comissão de Seleção, de servidores da Funarte ou de servidores do MinC e seus respectivos terceirizados.
4 – DAS INSCRIÇÕES
4.1. As inscrições serão gratuitas, restritas a pessoas físicas, e estarão abertas no período de até 45 (quarenta e cinco) dias após a publicação deste Edital no Diário
Oficial da União.4.2. As inscrições deverão ser postadas somente pelo correio (SEDEX ou carta registrada) em um único envelope, lacrado, desconsiderando-se aquelas apresentadas de forma diversa, contendo os seguintes documentos:
* Este texto não substitui o publicado no D.O.U.
2 edital BOLSA FUNARTE DE CIRCULA ÇÃO LITE RÁRIA4.2.1. Formulário de inscrição impresso, devidamente preenchido e assinado pelo proponente, conforme modelo disponível no Portal das Artes - www.funarte.gov.br
4.2.2. 02 (duas) vias do projeto, encadernadas separadamente contendo: apresenta
ção, objetivo, justificativa, cronograma, produto final da proposta a ser desenvolvida e texto de sua autoria.4.3. Cada via encadernada do projeto deverá conter até no máximo 10 páginas, com fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento simples.
4.4. O material referente às inscrições deverá ser enviado para o seguinte endereço:
Prêmio Funarte de Circulação Literária
Rua da Imprensa, 16 – Protocolo
Palácio Gustavo Capanema
Centro – Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20030-120
4.5. Serão desconsideradas as inscrições apresentadas de forma diversa da descrita nos itens anteriores.
4.6. O projeto deverá ser entregue na íntegra, não sendo admitidas alterações ou complementações posteriores à entrega.
5 – DASELEÇÃO
5.1. Os projetos inscritos serão avaliados em 03 (três) etapas:
a) Etapa 1 - Habilitação dos projetos;
b) Etapa 2 – Avaliação da Comissão de Seleção;
c) Etapa 3 - Análise documental
5.2. Da habilitação dos projetos: triagem, de caráter eliminatório, coordenada pela
equipe do Centro de Programas Integrados, com o objetivo de verificar se o proponente cumpre as exigências previstas neste Edital para inscrição.5.3. Da avaliação da Comissão de Seleção: avaliação, de caráter classificatório, de
todos os projetos habilitados na etapa 1 - triagem.5.4. Da análise documental: verificação, de caráter eliminatório, da situação fiscal e
documental dos proponentes contemplados.5.5. Todos os projetos que não se enquadram no objeto da bolsa, de acordo com análise da Comissão de Seleção, serão desconsiderados pela mesma durante a etapa 2.
6. DOS CRITÉRIOS DESELEÇÃO
6.1. Os projetos serão avaliados conforme os seguintes critérios:
CRITÉRIOS | PONTUAÇÃO |
Criatividade e inovação – originalidade das ações e busca de novas práticas e relações no campo cultural | 0 a 30 |
Relevância cultural – valor simbólico, histórico e cultural das ações e manifestações culturais e artísticas envolvidas. | 0 a 35 |
--
J3
quinta-feira, 22 de abril de 2010
CANTANDO E CONTANDO HISTÓRIAS
Foi feita uma apresentação pela manhã e outra à tarde, com música e contação de histórias.
Eduardo foi muito bem recebido pela diretora Silvana, pela bibliotecária Andréia e por Alberto, que foi um verdadeiro anjo do áudio.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Vaga-lume e Pinta-peidos no Colégio Inei
Eduardo Loureiro Jr. se apresentou, cantando uma de suas canções (Vaga-lume) e lendo uma das crônicas (O menino peida-pinto ou o homem pinta-peidos) do livro Guerreiros Meninos.
Agradecimentos à aluna Carol Gândara, que fez o convite, e à professora Sedna Campos, que viabilizou a apresentação. Também à calorosa plateia, que riu a valer.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Jornal "Hoje em Dia", de 06.04.10,
Hoje em Dia
Manoel Hygino dos Santos
Autor e personagem
Nada mais emocionante do que o autor encontrar o personagem de sua ficção, o ser que imaginara para um conto, novela ou romance, na via pública ou em alguma casa ou bar, nalgum antro ou numa festa de alta sociedade. O fruto da imaginação existe, não era invenção.
Dentre o que li, e muito já esqueci, me impressionou especialmente "O sósia", um dos romances menos importantes de Dostoievski, mas não menos admirável, em minha opinião. Em São Petersburgo (que voltou ao nome original), ia o indivíduo, em noite fria, ao longo da Perspectiva Nevsky, uma avenida larga da imperial cidade, quando observou ser seguido.
Se diminuía o passo, o acompanhante também o fazia, como se o perseguisse. Se acelerava o andar, o estranho o repetia, e assim se desenvolveu a marcha noturna e soturna. Ao chegar à casa em que morava, o personagem deixou-se ser ultrapassado. Aliviado, ingressou na sala, e deparou o estranho seguidor: era ele mesmo, o indivíduo que o seguira ao longo da Nevsky. Uma sucessão de cenas de suspense e expectativa, que haverá de tanger o coração do leitor impressionável.
Há personagens em busca de autor. Como a recíproca é verdadeira.
A escritora Rosângela Vieira Rocha, merecidamente premiada mais de uma vez, escreveu o livro infantil "A festa de Tati", contando a história de uma menina com defeitos genéticos, que despertavam reações diferentes entre as de mesma idade e os adultos. Tati é muito bem descrita.
Eis que foi, há pouco, a escritora a Pirenópolis, uma cidade goiana com tradição de cultura e arte, para participar de uma promoção literária. Lá chegando, visitou uma escola em que os alunos tinham lido o livro, o primeiro que fizera para crianças.
Chegou atrasada e havia muito meninos à espera, alguns acompanhados dos pais e parentes próximos. Para recebê-la, montara-se uma representação da história, com cenário de festa de aniversário, balões pendurados, bolos com velas a serem sopradas, salgados e doces.
A própria ficcionista revela o que sentiu em seguida:
- Qual não foi minha surpresa, muito mesmo, quando vi que a menina que fazia o papel principal era portadora de necessidades especiais, como Tati. Com um vestido em tom carmim, a comprida saia rodada, cabelos cheios de cachinhos, a linda alma estava sentada numa cadeira, no centro da varanda, que servia de palco, enquanto uma aluna atuava como narradora. Havia até uma menina vestida de anjo, apenas mencionado no livro.
Os sentimentos da escritora de Inhapim se aqueciam. Encontrara em vida a criança a que imaginara para sua estreia na leitura infantil. Como sósia de Dostoievski, deve ter-se perguntado: Quem é quem?
- Fiquei olhando muito tempo para Tati, ou seja, Ala na, enquanto pensava que uma leitura tão literal e, ao mesmo tempo, tão espontânea, dificilmente ocorreria numa escola de uma grande cidade. Provavelmente as pessoas teriam medo de resvalar no mau-gosto ou no "politicamente incorreto".
No entanto, era uma localidade do interior de um estado sem mar. "Em Santo Antônio, em Pirenópolis, não: orgulhosa de ser a rainha da festa. Alana exibia o seu melhor sorriso, de dentes claros e curtos. Estava deliciada, aliás, estavam, ela e sua mãe, que também tem necessidades especiais. A mãe levou dois bolos, feitos por ela mesma, em formato de coração, e no final do encontro agradeceu minha presença, usando microfone e tudo. Alana apagou as velinhas, como a Tati, e no final até eu, a autora, confundia as duas, a menina e a personagem."
Como Alana, ou Tati, agarrada à cintura, a ficcionista meditou sobre os caprichos da vida, suas contingência e circunstâncias. Teve de conter-se para não chorar. Percebeu que Ala na não era discriminada na escola e aquela tarde em Santo Antônio foi o seu momento de glória, a estrela da festa.
Concluiu: valeu a pena escrever o livro, reconhecido o mérito pelo editor, também sensível aos episódios do cotidiano, tão comuns às vezes, mas que tocam profundamente o coração.